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Corruíras, carruíras, curuíras

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Aprendam a pintar

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Corruíras, carruíras, curuíras

D

Aprendam a pintar

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O óleo das tuas asas não te deixará voar

A Am A Am A Am A Am D Dm D Dm A Am A Am E Em D Dm A

Carrú deixa pra lá o óleo das tuas asas que não te deixa voar

Carrú pinta de preto esse mundo

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É raro, mas eu já vi corruíras caírem na valeta de óleo na oficina mecânica da minha família, no noroeste do Rio Grande do Sul. Provavelmente era um filhote que estava aprendendo a voar. Depois de chafurdada no óleo é tarde demais para se voar novamente, não é como nas grandes águas quando ocorre vazamento de petróleo e as aves são limpadas. Mesmo assim eu tentei lavá-las, tentei secá-las, mas só me restou jogá-las aos lagartos para que enfim encontrassem descanso eterno (este é um ferimento.)

No idioma comum de Constantina, cidade de onde escrevo, elas são chamadas”curuíras” e na zona metropolitana onde morei na infância (este também é um ferimento) havia um amigo apelidado de Carrú.

Estes dois ferimentos juntos que por hora te apresento fazem de mim o anarcoindividualista que te escreves e que nascera como Gustavo, aquariano do dia 28 de 1988, na cor incandescente do sol amarelo maia.

Pintar de preto esse mundão velho de Deus, com o equilíbrio da mais bella história que segue sendo contada geração após geração: a história do bem contra o mal e vice-versa; pode ser loucura remexer-me o passado, mas é melhor do que envelhecer sem curá-lo.

Se meu mestre não me condena, morre Ele em meu lugar.