Capítulos 22 – 24

  • Guahyba

TOM: Dm

Dm/A D3-  G Bb

Dm/A D3-  G Bb 

Os nossos caminhos embora sozinhos têm o mesmo destino

Eb5/Bb C5/G

Liberdade

Dm/A D3-  G Bb 

Que tal tu mais eu a passear pelas ruas da nossa

Eb5/Bb C5/G

Saudade

Eb5/Bb C5

G5/D A5/E Eb4 C4

O mar não recusa os rios que querem se separar

G5/D A5/E Eb4 C4

Pedra Bugra e Yucumã seguirão indomáveis

E5/B A5 C5/G Eb5/Bb

De que adianta defender tratados

E5/B A5 C5/G Eb5/Bb

Se estamos inundados no deserto do pecado

Dm/A D3-  G Bb

No bochincho não mais ouviu-se riscar adagas em nome

Eb5/Bb C5/G

De chinas

Dm/A D3-  G Bb 

Na sarau não mais viu-se dançar milongas faceiras

Eb5/Bb C5/G

Meninas

Eb5/Bb C5

G5/D A5/E Eb4 C4

E5/B A5 C5/G Eb5/Bb

Capítulo 22

Foste deixando acumular vários problemas, tiveste um cisto no cóccix que quase precisou de cirurgia para retirá-lo e achara que para ser um pelo duro não poderia mais lavar o ânus. Mas o que mais deixara-te ansioso fora o desdobramento da denúncia de compra de votos na eleição municipal de Constantina. Pela primeira vez no município um vereador teve seu mandato cassado. Tudo graças à umx eleitox corajosx que instalou uma câmera oculta que filma o candidato a vereador enquanto compra-lhe o voto. Em posse do vídeo, postastes em tuas redes sociais e entraste em contato com jornalistas da região. A advogada do vereador entrara em contato contigo para que retirasse do ar o vídeo para que não houvesse processo judicial, coisa que fizeste, uma vez que tu não teria grana para bancar advogado nenhum. Além disso ela ajudou muito depois de perceber que tu não estava simplesmente botando fogo no mundo, mas tentando criar a possibilidade de coexistir. O presidente do Partido dos Trabalhadores, dissera jamais ter acontecido feito parecido como este na cidade e agradeceu veementemente a tua ousadia, pois um vereador do PT pode assumir a vaga.

Criaste também uma página chamada Constantina Capital onde postas observações sobre a leitura das obras de Karl Marx. Mas a ansiedade é tanta que tu começas a despertar a atenção dos teus pais e da Miche por conta das
caminhadas noturnas.

Capítulo 23

Boatos diziam que tu estavas dentro de um buraco. Mas na verdade fizeste mais uma greve contra o pensamento da médio-burguesia da oficina. Apelidaste de caralho pois este é o nome do local mais alto do navio e tu estavas no local mais alto da oficina fazendo cara feia para todxs. O caralho ficava logo acima do torno onde teu tio ferreiro passavas os dias a trabalhar. Toda a vez em que ele se abaixava para pegar alguma coisa e erguia a bunda tu gritavas “que tiro foi esse?”. Ao teu lado, livros diversos, como A Ideologia Alemã de Karl Marx; Filosofias Africanas de Luís Antônio Simas e Nei Lopes, que às vezes lias em voz alta; celular e fones de ouvido. Quando o ferreiro perguntava o que tu estavas fazendo respondia dizendo que era uma ditadura militar, só que às avessas. No fim do dia descias para dormir na garagem da casa de teus pais. Haúlu foi chamado para ver o que estava te acontecendo. E tua mãe, como de costume, dissera que chamaria a Brigada Militar. E, mais uma vez, e, unicamente, a Miche veio de Palmeira das Missões te confortar. 

Capítulo 24

Talvez tu possas estar plagiando o próprio governo Lula/Alckmin que planeja utilizar uma linguagem neutra no seu governo. De qualquer forma, o idioma é como um vírus para os Beatniks; ele sofre mutações vindas de cima e de baixo do cenário político e como um dos medicamentos que toma é o Carbonato de Lítio ou Literata, tu tens a sacada de provocar uma revolução através disso. Este nome te dá um insight maravilhoso e tu crias o start de uma revolução chamada Revolução Literata, afinal, literatos já existem de monte. Eis os cânticos de guerra: 

Toda fofa passa! 

À todas toda! Ao todo, nada!

À toda, todas! Ao todo, nada!

Pedes para que Martha e Odessa se aproximem mais para que o embate entre capitalismo e anarquismo possa ser visto como uma nova forma de se socializar. Odessa com seu machado celta e Martha com seu arco e flecha começam então a interagir.

Na parede da churrasqueira estão contra Haúlu, a Esquadrilha da Fumaça, galera do navio Speedy Gonzales que tua prima Clairê te apresentara assim que chegaste à Constantina. Enquanto isto, tentas encontrar um equilíbrio entre tantos Filhos do Sol. Para acionar teu Guru basta dizer “falo”, para ligá-lo e desligá-lo. Sendo fumantes ou ex-fumantes, toda Esquadrilha da Fumaça recebia a transmissão, inclusive a filha de Haúlu, Loueee, que estava muito interessada em participar tendo proposto vários diálogos, quando tu fumas. 

A revolução começa a se espalhar e logo a Replicante fica interessada na revolução. Durante uma entrevista que deste e com a garagem cheia de revolucionárixs, senta-te e cruza as pernas para falar sobre o propósito da revolução, a televisão vem te entrevistar. A noite termina com uma punheta no banheiro da garagem em teu momento Mistify Me. Tudo ao vivo. Um integrante da Revolta dos Nerds, Nico, acaba morrendo no banheiro da garagem depois que tu tocas a gola de sua camisa.
A maior parte das pessoas que moram em Bella Cittá são bolsonaristas e a cidade toda é reacionária. Por isto aquelas instruções de Wilmar vieram a calhar. Estais cercado, portanto.

O Goleiro Suicida atrás de ti é do time adversário e ele prevê o futuro. Para passar despercebido tens de caminhar com os glúteos enrijecidos, para não o provocar e de preferência com as pontas dos pés abertas para fora, pisando com os calcanhares. Ao caminhar na rua deixas tudo solto, mas em casa foi necessário agir como elxs. Fazendo isso pudestes ludibriá-lxs.

Certa vez, teu Guru dissera que o Goleiro poderia ser capaz de provocar uma tragédia numa escola, pois é um incel de 40 anos, tiozão de bombacha. Com ele tomaste duas cervejas naquela noite em que o ferreiro estava de férias. Apresentaste ao Goleiro a tua música que compuseste com a gaita de seu falecido pai. Os encontros com teu guru acontecem na desrealização do mundo, quando tu podes vê-lo sentado sobre as casas em forma gigantesca enquanto vocês descontroem preconceitos e planejam nós cegos à massa ignara.

Ao chegar na casa da Bruxa Mariposa bebeste todo o velho barreiro que sobrara do teu aniversário enquanto ela estava fora estudando a Pedagogia do Oprimido.

Do Morro da Vaca até o Beco do Mijo desceste a pezito e provocaste a todxs na rua da oficina cantando “Eu não vou votar! Nunca fui atrás de ninguém”, música da banda Nazireu Rupestre. Teu pai descera do apartamento e ficara te esperando sentado na mureta. Aproveitaste que o ferreiro não estava para entrar no terreno dele e mexer com xs vizinhos da quadra do lado. Dela surgiu uma mulher chorando, com café e bolachas. Comestes e disseras para que a Estrela de Fevereiro seguisse em frente e que tu nunca teve nada mais para lhe oferecer. Terminaste dizendo que estavas cansado de ser Jesus Cristo.

Caminhando de volta na direção da casa de teus pais gritara a ele para que conversassem nos fundos do terreno, passando por trás da oficina, embaixo da jabuticabeira, mas ele não aparecera e tu começaste a gritar os nomes de tuas primas antes de subir na antena de TV SUL e só fostes embora quando tua mãe ameaçara dizendo que chamaria a Brigada Militar. Com medo e correndo de volta para a casa da Bruxa Mariposa ainda antes dela voltar da leitura.

Nesta noite Piá fingira não te conhecer quando passaste pelo bar convidando quem quisesse derrubar a estátua do padre.

Mais tarde, tentando dormir o Kwerna vem acorrentar teus pés, e de medo tu acaba dormindo no chão do quarto na posição fetal e virado para a rua para que robôs do Estado não notem tua presença.
Kwerna acaba se envolvendo num acidente de moto, mas ele já estava morto. Ele te perseguiu simplesmente porque tu havias falado com sua ex-mulher. Chamaste Diana, parente dele, para que se acalmassem os ânimos. 

Tua cabeça já não aguenta mais e os remédios parecem estar defasados. Tu começa a pedir por uma internação. 

Se meu mestre me recusas condenar, morre Ele em meu lugar.